タヌキの祝福 T-120

Eu adoro esses video essays, mas esse particularmente compensou assistir pela quantidade de bandas legais que eu não conhecia ou que me fez ouvir de novo. Ele fala sobre as bandas de pós-punk com uma pegada dance, desde Gang of Four e Talking Heads, passando por Rapture e Franz Ferdinand até coisas atuais como Yard Act (muito massa) e o single do Idles com o LCD Soundsystem (DANCING! HIP TO HIP!).

Coldplay – Uma Análise Póstuma esse cachorro está morto e continuamos chutando

Tava aqui pensando no Coldplay, em como eles se tornaram O sinônimo de banda chata, pelo menos do Viva la vida pra cá. Talvez antes. Bom, se a gente pensar bem, em 2003 ninguém mais aguentava ouvir Clocks

Nossa, Clocks. Em 2003 todo lugar tocava Clocks. Na FM, na festinha da facul, na televisão, na puta que pariu. Se você fosse cool, se você fosse indie, você podia dizer que o primeiro álbum era mais legal – tinha Yellow, cuja letra a gente mandava pras mocinhas mais especiais no MSN, e tinha uma música que fazia referência a Douglas Adams. Ou era o nome do álbum?

Sei lá, vamos tentar ver o clipe de Clocks.

Fui tentar assistir Clocks e sei lá, bateu errado. Chris Martin cantando de olhinho fechado não condiz com a atmosfera atual, não dá, eu não consigo mais acreditar nele – não dá mais pra ser tão ingênuo. Tem uma hora que ele dá uns soquinhos no ar. Cara, que isso? Não que eu seja cínico, não que eu tenha congelado meu coração. (Botei Los Campesinos pra tocar com You! Me! Dancing! e sim, cara, sim, eu consigo me emocionar com uma música feliz. Cara, eu AMO Belle & Sebastian, eu sou um idoso sentimental). Mas Clocks, e talvez as músicas posteriores sejam ainda piores, é o equivalente musical de um frango empanado congelado da Sadia. Tem em todo lugar e vende igual frango congelado, mas o frango-frango não está mais ali. Chris Martin matou o frango-frango. Só ficou um empanado de sódio e falsidade.

Aquele violino do comecinho de Viva La Vida? Foi usado em 430.567.429 vídeos de fim de ano da firma e já sugou mais almas do que o próprio Mochila-de-Criança. E ouvindo a música agora – eu gosto de ALGO nela, mas é mais a memória que ela me traz, porque 2009 foi um ano bem legal (Salvador, Etc), mas olha esse clipe. OLHA ESSE CLIPE. Não dá, Chris Martin, para com isso. Credo, mano. E pensar que ele não parou com isso – os discos posteriores são ainda piores, ainda mais ausentes de sentido. Não ouvi nenhum deles, mas EU SEI. EU. SEI.

Enfim. Porque eu estou falando mal de Coldplay? Sei lá, é totalmente chutar cachorro morto, não faz o menor sentido. Só deu vontade de escrever alguma coisa. Quem liga pra Coldplay hoje em dia? (Quem sabe o que é Coldplay já precisa tomar a quarta dose da vacina de Covid, vamos se cuidar aí pessoal). Sem falar que, em matéria de bandas bosta, Coldplay já foi destronado pelo Imagina Dragõezes faz uns…10 anos?

Descobri o Jack Antonoff meio que por acaso – vendo o documentário sobre o Sparks, ele aparece dizendo que toda música pop atual é só Sparks e Vince Clarke rearranjado. A legenda embaixo do nome dele diz que ele é produtor da Taylor Swift, da Lorde, da Ariana Grande, da Lana del Rey, do St. Vincent – só isso.

Fui conferir a banda dele, o Bleachers – e rapaz, é bem bom. Pop de primeira, refrões do tamanho do mundo falando dos problemas do tamanho da gente (“and say goodbye like you mean it”). Esse clipe é troncinho mas divertido, hahahaha.

If You’re Feeling Sinister Belle and Sebastian

Eu redescobri esse disco ano passado, graças a Phonogram (a série em quadrinhos de Kieron & Mckelvie, preciso falar dela no blog também) – na verdade Phonogram me fez ouvir Campesinos de novo, e Campesinos me fez ouvir Belle and Sebastian de novo. É um disco lindo, com umas melodias lindas e umas letras irônicas (e lindas), que não dá pra ouvir sem tentar imitar as harmonias. É meu disco preferido deles, e confesso que não gosto muito de nenhum outro – houve uma vez um verão em que eu ouvi o “Dear Catastrophe Waitress” trocentas vezes, mas a única música que ficou foi “Step into my office, baby” e ela nem é tão boa assim. É enjoativa, meio boba, sei lá. Isso não acontece com as músicas boas de “If you’re feeling sinister”, principalmente com a música título – que eu já devo ter ouvido umas cinco vezes desde que comecei a escrever isso aqui.

Belle and Sebastian era uma banda que sempre era citada na Bizz e nos blogs que eu lia lá em 2000 e nada. Nessa época eu varava as noites na internet, baixando músicas que apareciam na Bizz, ou que alguém falou bem em um blog, ouvindo coisas que se não fosse o Napster e a pirataria em geral eu jamais ouviria. E era uma época bem mágica, que eu só fui perceber que foi mágica anos e anos depois, pois havia um monte de bandas ótimas explodindo. Pô, eu ouvi Strokes na época do primeiro E.P., as músicas ainda cruas e totalmente cheias de energia – que eu gravei num CD-R e ouvia nas viagens de ida e volta pra Ilha Solteira. Enfim, era massa, acho que rende um post só sobre isso mais tarde.

Hilary went to her death because she couldn’t think of anything to say
Everybody thought that she was boring, so they never listened anyway
Nobody was really saying anything of interest, she fell asleep
She was into S&M and bible studies, not everyone’s cup of tea (she would admit to me)

 

Tem alguns estilos de música que você ouve e diz “hey, isso aqui é meu!”. Tudo bate certinho, você parece conseguir adivinhar pra onde vão as notas, e quando você vê já botou no repeat sem dó. “Frosting on the Beater” foi assim, esse disco maravilhoso que eu resgatei lá de 1993 pra mim. É alt-rock estilo anos 90, lembra Teenage Fanclub mas é diferente, é power pop puxado pro rock da época – sei lá, não sou crítico musical, eu só gosto das paradas. “Solar Sister” eu ouvi quinhentas vezes no último mês; mas “Flavor of the Month” e “Definite Door” não ficam atrás.

Dial-a-song: 20 Years of TMBG They Might Be Giants

Hmmm, e pensar que a coletânea de 20 anos do They Might Be Giants está quase…completando 20 anos! Ironias do destino à parte, esse disco é fantástico. É uma introdução fantástica pra quem quiser descobrir que diabos é TMBG e quem diabos são esses dois maluquinhos. Passa pelos “hits” essenciais, passa pelos temas de TV e cinema, passa pelas músicas anarco-infantis, passa por diversas coisas esquisitas e que, se você for uma pessoa esquisita e/ou com propensão a gostar de coisas esquisitas, com certeza te convencerão a mergulhar mais fundo.

Detalhes legais dessa coletânea: tem uma versão ao vivo de “Stormy Pinkness” que é amor em estado bruto; tem uma versão ao vivo de “She’s Actual Size” com um solo interativo de bateria; e tem todas as mini-músicas de Fintertips reunidas em uma única faixa. Mais bacana impossível!

Eu absolutamente deixei essa música passar em 2010 e descobri agora, por causa do último número de Phonogram – Singles Club (recomendadíssimo se você gosta de música de algum jeito). Caralho, que música é essa, que performance é essa. Desde já declaro que essa é a melhor música sobre lobisomens no cio já composta na história da humanidade.

Alguns meses atrás eu “descobri” o Arctic Monkeys com alguns anos de atraso – e volto a repetir, esses meninos vão longe, tem futuro! E aí hoje especificamente foi o dia em que eu “descobri” St. Vincent – ótima banda, essa menina Annie Clark vai longe, tem futuro!

(Talvez eu tenha desenvolvido um leeeeeeve crush na Annie Clark, de látex verde, ripando na guitarra, hold me like a weapon – oh well, I can’t turn off what turns me on.)

Sabe aquela banda que todo mundo fala super bem, é totalmente super influente, você sabe que deveria gostar mas…não rola? Uma dessas bandas pra mim é o Smiths. Em tese eu deveria amar Smiths: eu fui um adolescente criado a base de Legião Urbana e desilusões amorosas, é natural que eu procurasse a fonte deles. Mas alguma coisa nunca clicou e eu acabei ficando com o produto brasileiro, apesar de adorar certas músicas – eu poderia ouvir “Ask” por dias a fio, com aquele gancho maravilhoso e aquela hora do “se não for o amor que vai nos juntar, então será a bomba atômica”.

Essa versão de “There Is A Light That Never Goes Out” é maravilhosa – a voz rouca da moça, a instrumentação mais esparsa, o tecladinho fantasmagórico, até o estilo do vídeo com um ar de televisão nos anos 80.

Segundo o Last.FM, essa foi a música que eu mais ouvi em 2018. Acho que eu li um tweet falando muito bem dessa banda, joguei no Youtube e – bah, que clipe, que música, que letra. Os caras são muito bons.

I wanna be king until I am
A man is just a man, I understand
Has everything gone to plan?
Don’t say it out loud – just let me dance