タヌキの祝福 T-120

Andor Coisas legais de 2022

Pra mim “The Last Jedi” é o filme que importa da trilogia nova de Star Wars, e o que fizeram no filme seguinte me fez perder o interesse em tudo que veio depois – não vi nenhum dos seriados, comecei o jogo “Fallen Order” só agora, etc. “Last Jedi” colocava a série em uma direção que me interessava – escapando da hegemonia Skywalker, dando importância para personagens menores, mostrando mais do que navinhas e sabres de luz. Mas aí…nhé.

E aí aparece Andor, e Andor é uma OVERDOSE dessas coisas todas. Andor mostra como é a vida das pessoas comuns de uma cidade na periferia do espaço sideral; mostra a burocracia e os joguinhos de poder entre funcionários do baixo escalão do Império; mostra como um movimento revolucionário vai tomando forma aos trancos e barrancos; mostra a relação entre o complexo militar-industrial e sua absoluta necessidade por mão-de-obra à custo zero.

Mais do que isso, é um PUTA seriado MASSA, com arcos de três episódios redondinhos, roteiros bem acabados, personagens bem trabalhados, muitas cenas memoráveis, uns dois ou três discursos pra entrar pra história do Star Wars, e o Andy Serkis mostrando que não precisa de merda nenhuma de roupa mo-cap pra botar pra quebrar.

Try.

É muito massa quando nossos heróis se encontram e se reverenciam! O discurso emocionado do Elvis, o Fito Paez dominando a música, os Imposters…cara, nunca imaginei que isso fosse acontecer!

(Uns anos atrás o Eddie Vedder chamou o Bill Janovitz no palco e eles tocaram “Taillights Fade” juntos – adoro quando meus artistas e bandas favoritos colidem)

Coldplay – Uma Análise Póstuma esse cachorro está morto e continuamos chutando

Tava aqui pensando no Coldplay, em como eles se tornaram O sinônimo de banda chata, pelo menos do Viva la vida pra cá. Talvez antes. Bom, se a gente pensar bem, em 2003 ninguém mais aguentava ouvir Clocks

Nossa, Clocks. Em 2003 todo lugar tocava Clocks. Na FM, na festinha da facul, na televisão, na puta que pariu. Se você fosse cool, se você fosse indie, você podia dizer que o primeiro álbum era mais legal – tinha Yellow, cuja letra a gente mandava pras mocinhas mais especiais no MSN, e tinha uma música que fazia referência a Douglas Adams. Ou era o nome do álbum?

Sei lá, vamos tentar ver o clipe de Clocks.

Fui tentar assistir Clocks e sei lá, bateu errado. Chris Martin cantando de olhinho fechado não condiz com a atmosfera atual, não dá, eu não consigo mais acreditar nele – não dá mais pra ser tão ingênuo. Tem uma hora que ele dá uns soquinhos no ar. Cara, que isso? Não que eu seja cínico, não que eu tenha congelado meu coração. (Botei Los Campesinos pra tocar com You! Me! Dancing! e sim, cara, sim, eu consigo me emocionar com uma música feliz. Cara, eu AMO Belle & Sebastian, eu sou um idoso sentimental). Mas Clocks, e talvez as músicas posteriores sejam ainda piores, é o equivalente musical de um frango empanado congelado da Sadia. Tem em todo lugar e vende igual frango congelado, mas o frango-frango não está mais ali. Chris Martin matou o frango-frango. Só ficou um empanado de sódio e falsidade.

Aquele violino do comecinho de Viva La Vida? Foi usado em 430.567.429 vídeos de fim de ano da firma e já sugou mais almas do que o próprio Mochila-de-Criança. E ouvindo a música agora – eu gosto de ALGO nela, mas é mais a memória que ela me traz, porque 2009 foi um ano bem legal (Salvador, Etc), mas olha esse clipe. OLHA ESSE CLIPE. Não dá, Chris Martin, para com isso. Credo, mano. E pensar que ele não parou com isso – os discos posteriores são ainda piores, ainda mais ausentes de sentido. Não ouvi nenhum deles, mas EU SEI. EU. SEI.

Enfim. Porque eu estou falando mal de Coldplay? Sei lá, é totalmente chutar cachorro morto, não faz o menor sentido. Só deu vontade de escrever alguma coisa. Quem liga pra Coldplay hoje em dia? (Quem sabe o que é Coldplay já precisa tomar a quarta dose da vacina de Covid, vamos se cuidar aí pessoal). Sem falar que, em matéria de bandas bosta, Coldplay já foi destronado pelo Imagina Dragõezes faz uns…10 anos?

Pô, que filme massa! Prey é o exemplo raro de prequel/continuação que dá certo e consegue não dever nada pro original. Aliás, funciona muito bem até pra quem não viu ou não lembra do Predador original – a história de Naru tentando se provar como guerreira da tribo e seu embate com o caçador intergaláctico não precisa do original pra ser entendida e apreciada, ao mesmo tempo que tudo o que vimos nos filmes anteriores está lá. As “regras” do Predador, todas aquelas armas malditas, tá tudo ali. É um filme que vai direto ao ponto, 1h40 de filme de ação sem filler, sem momentos desnecessários, sem cenas pós-créditos. Tá ótimo, meu Deus, um filme de ação realmente BOM e que não envolva super-heróis em 2022. Enfim, assistam.

Caralho, que filme é esse. Peter Sellers é um absurdo. Essa cena final é do caralho – o mundo acabou, só tem o cabal do presidente americano e o Dr. Strangelove discutindo a possibilidade deles se abrigarem em uma mina profunda e começarem a repovoar o planeta. A mão dele, cara, o sorrisinho no rosto enquanto fala essas coisas…é tudo genial para mais de um caralho.

E nem vou entrar na onda de discutir o que é assistir esse filme em pleno Brasil Bozonarista, em plena segunda season da CPI da pandemia.

Descobri o Jack Antonoff meio que por acaso – vendo o documentário sobre o Sparks, ele aparece dizendo que toda música pop atual é só Sparks e Vince Clarke rearranjado. A legenda embaixo do nome dele diz que ele é produtor da Taylor Swift, da Lorde, da Ariana Grande, da Lana del Rey, do St. Vincent – só isso.

Fui conferir a banda dele, o Bleachers – e rapaz, é bem bom. Pop de primeira, refrões do tamanho do mundo falando dos problemas do tamanho da gente (“and say goodbye like you mean it”). Esse clipe é troncinho mas divertido, hahahaha.

Hoje eu vi uma notícia que a Livraria Cultura fechou em Salvador, e lendo eu descobri que a Saraiva que existia no Salvador Shopping já havia fechado faz algum tempo. Cara, que chute nos bagos…

Eu fui morar em Salvador em 2008, participar de um programa de trainee na firma em que meu pai trabalhava. Foi meu primeiro trabalho de verdade, e eu ganhava razoavelmente bem dentro dos parâmetros da época. E te falar, boa parte desse dinheiro era despejada sem muita parcimônia lá na Saraiva. Entendam, no interior não existia nem livraria direito, haviam papelarias que vendiam uns livros lá e só. A Saraiva foi a primeira megastore que eu fui na vida e foi paixão à primeira vista. Livros e mais livros, uma seção enorme de quadrinhos, uma seção de CDs que era maior do que todas as 3 lojas de Araçatuba juntas…e o ambiente era incrível, era gostoso ficar zanzando por lá, sentar numa poltrona e ficar folheando alguma coisa, ou só ficar escavando as prateleiras. Um pouco depois eu fui conhecer a Cultura do Conjunto Nacional e vi que a Saraiva de Salvador era pitititica, mas era a MINHA livraria. Quantas vezes eu saí do trabalho e fui direto pra lá, seja pra esperar os congestionamentos no Iguatemi abaixarem, seja pra comprar alguma coisa mesmo. Enfim, era meu templo do consumo, e foi uma época muito boa – Salvador era incrível, e eu sinto saudades de lá.

Mas não é só lá, né? Mandaram o país inteiro pro caralho pra enriquecer meia dúzia de filhos da puta, e cá estamos passando pelo inferno com um imbecil no comando enquanto os outros imbecis desmontam o que restou do país. A Saraiva fechando em Salvador é o menor de nossos problemas – mas dói aqui em mim. Faz parte da minha ideia do país que poderíamos ter sido, do país que nos foi roubado.

1 2 3 5