タヌキの祝福 T-120

The House of Shattered Wings Aliette de Bodard

“The House of Shattered Wings” se passa em uma Paris destruída após uma guerra entre facções de anjos caídos, e acho que essa frase deve ser o suficiente para te convencer a ler esse livro – se esse for o seu tipo de livro, claro. Os anjos caídos são…bom, anjos caídos: seres angelicais separados da graça divina, condenados a viver na Terra mas ainda capazes de usar uma forma de magia. Com o passar do tempo eles se organizaram em Casas – facções, famílias de mafiosos, clãs de Vampiro: A Máscara, algo assim – e com o passar do tempo todas as Casas passaram a se odiar, até causar o equivalente da Primeira Guerra Mundial nesse universo. Paris é uma casca vazia após a guerra: bairros inteiros inabitáveis graças a poluição da magia, o Sena é famoso por capturar e matar os incautos que se aproximam dele.

 

Segundo dia sem twitter. A principal vantagem é: eu não sou mais atacado por “Bolsonardices out of fucking nowhere” o dia todo. Fiquei sabendo das merdas que aconteceram porque meu irmão comentou, ou pelo telejornal que minha tia assiste. E continuo não sentido falta (ufa), mas ainda clico no link dele toda vez que canso de programar ou tenho um tempo livre entre uma tarefa e outra.

Eu vou precisar montar um ecossistema de sites para visitar. Em épocas pré-redes sociais, eu tinha o Google Reader com os melhores blogs do momento, a barra de favoritos do browser com os sites mais legais, e o delicious como um sacolão onde eu ia jogando qualquer coisa minimamente interessante.

Eu tentei voltar a usar RSS algumas vezes já, mas ainda não rolou. Talvez pelos clientes atuais serem meio ruins, talvez por quase ninguém hoje em dia usar. Não existem mais blogs como antigamente – aquela coisa do blog como vardump morreu, hoje o twitter é o vardump. Mas claro, as newsletters voltaram, é capaz dos blogs voltaram de uma forma ou de outra também. (Pensando aqui com meus botões, a proliferação dos static site generators talvez ajude nisso. Enfim, é uma possibilidade).

A barra de favoritos eu voltei a usar – hoje em dia ela está linda, cheia de pastas e subpastas, abarrotadas de links esperando para serem redescobertos. Mas é uma pena que uma penca deles já deve ter morrido – a merda da efemeridade da internet é essa, o texto que mudou sua vida está a um update ou dois de se perder para sempre no limbo etéreo da cyber-rede de computadores.

E o delicious foi comprado pelo pinboard, e eu passei a usar a pinboard – mas confesso que ainda não acostumei. Não tenho o que reclamar dele: é simples de usar, tem bookmarklet, permite tagueamento, o site é simples, intuitivo e não tem uma propaganda. E tem uma API maneirinha, que eu vivo dizendo que um dia vou utilizar para criar uma representação mais visual dos meus favoritos.

Hoje eu enchi o saco de Twitter: desinstalei o aplicativo do celular, e no desktop eu pedi para o meu irmão trocar minha senha e não me falar qual é. Achei que fosse rolar uma crise de abstinência, alguma tentativa de voltar atrás, mas…putz, até agora nada? Ainda bem.

Porque eu enchi o saco: porque é uma perda de tempo do pior tipo, que toma um tempo danado sem dar a impressão de tempo perdido. Você fica lá, descendo aquela timeline infinita, lendo as presepadas de pessoas que nunca viu na vida, sentindo raiva de algo que um zé falou a milhares de quilômetros de você, se segurando pra não xingar alguém que não vai nem ao menos ler você no meio de milhares de outros xingos. É um bolo de tretas que, em 90% dos casos, não me dizem respeito – mas mesmo assim eu ia lá chafurdar no chorome, perdendo horas pra entender porque fulaninho ser cancelado, porque ciclano brigou com a panelinha do brégodégo, etc e tal.

Claro que tem coisas legais, tem pessoas legais, tem conteúdos legais – mas o equilíbrio de sinal/ruído estava uma merda. Eu sei que vou voltar daqui alguns dias, mas vou fazer uma limpeza bem drástica na timeline – tirar os motoboys de tretas, os perfis do tipo “indigne-se você também”, se pá quase todo mundo que fale de política. Acho que não é uma tentativa de se alienar, mas sim de se poupar e evitar a dessensibilização.

Alguns conceitos chave do Mark Fisher, em um resumo bem toscão:

Realismo Capitalista: talvez o principal conceito trabalhado por Fisher, sua essência está na frase “é mais fácil imaginar o fim do mundo do que imaginar o fim do capitalismo”. É um mecanismo do capitalismo que propaga sua sensação de inevitabilidade, de não haver alternativa. O capitalismo passa a se confundir com a própria realidade:a vida é assim, o mundo é assim, e pensar que pode ser diferente é ser ingênuo ou estar agindo de má fé. Chegamos ao século XXI, o futuro é agora e se você não está contente, se você não se encaixa…problema seu. E se você acha isso deprimente, bom, a ideia é te deixar deprimido e imóvel mesmo.

Comunismo Ácido: esse seria o título do próximo livro de Mark Fisher, se ele não tivesse se matado em 2017. Comunismo ácido obviamente é um contraponto ao Realismo Capitalista: se o Realismo Capitalista é o fim das alternativas e a morte da imaginação, o Comunismo Ácido é o surgimento de possibilidades, a busca por alternativas. Comunismo Ácido tem a ver com lisergia, com acid house, com dissolução da realidade – desamarrados do peso desse presente que nos é imposto, temos liberdade para imaginar um futuro digno para a humanidade. Ou algo assim. Fisher jamais concluiu o livro, infelizmente.

Hauntology: não sei nem como traduzir – “haunt” é um termo de tradução difícil, e a palavra hauntology faz um joguinho com ontologia. Enfim, fiquemos com “Hauntology” – é o sentido em que a cultura contemporânea é assombrada pelos “futuros perdidos” da modernidade que foram cancelados com o pós-modernismo e o neoliberalismo. Hauntology de certa forma é esse desejo por um futuro que nunca existiu, por esses futuros que poderiam ter sido se não estivéssemos tão ocupados alimentando bilionários.

  • Eu não lembro dos chuveiros das primeiras casas em que morei. O primeiro que eu lembro é o do Prédio.
  • O Prédio é o prédio onde eu morei até os 15 anos, no centro da minha cidade. Desde pequeno eu sou um desses filhos da puta que gosta de banho quente mesmo no interior do alto faroeste paulista (39ºC fervendo na alma). Quando mudamos para o Prédio eu já conhecia aquele macete de só abrir o mínimo possível do chuveiro pra maximizar a água quente, e ficava um tempão até conseguir esse equilíbrio. Mas tinha um perigo: quanto mais quente a água, maior a corrente e quanto maior a corrente, maior a chance de desarmar o circuito elétrico do apartamento. Em uma casa moderna é só ir lá e rearmar o disjuntor, mas o Prédio não era moderno e os circuitos eram protejidos por fusível – você precisava ter um fusível reserva em casa, e alguém precisava descer lá no térreo e fazer a troca. Enfim, imaginem a alegria da minha mãe cada vez que eu dava uma dessas.
  • Os chuveiros lá de Casa, da casa onde meus pais moram até hoje, também não são dignos de nota.
  • Ah, e tem o chuveiro lá da república em Ilha Solteira, que era quente pacas e dava uns choques maneiros. Imagina uma república de três estudantes de engenharia elétrica, onde a nossa solução para um chuveiro que dava choque foi passar fita isolante no registro – não é de se admirar que nenhum dos três trabalha com engenharia hoje em dia.
  • O chuveiro lá de Salvador era maneiro – jatão de água bem quente, box confortável que parecia de hotel chique. Tudo bem que banho quente lá em Salvador nem era artigo de primeira necessidade, mas ajudava bastante na hora de acordar cedo.
  • O chuveiro daqui de São Paulo foi o melhor presente que o ex-morador desse apartamento poderia me dar. Quase 10 aqui e eu nunca precisei trocar nem sua resistência nem o chuveiro todo. O modo “Quente” dele é uma delícia, o modo “Super Quente” é especialmente incrível nesses dias de inverno.

Eu fiquei tentado a dizer que “Only lovers left alive” (de Jim Jarmusch) é um filme de vampiro pra quem não gosta de vampiro, mas pensando bem não é nada verdade. Na superfície não tem nada muito diferente: os vampiros aqui são vampiros clássicos, seres condenados a viver eternamente, cuja fome de sangue precisa ser saciada constantemente. A diferença é que aqui não temos vampiros adolescentes, aprendendo a viver com seus poderes e suas maldições, gozando e sofrendo na mesma medida, enfim, aquele vampiro trágico já meio batido da Anne Rice e de Vampiro: A Máscara.

Aqui em “Only lovers left alive” nós vemos o lado da velhice entre os vampiros – o casal aqui tem muitos séculos de vida em morte, e já abandonaram todas aquelas dúvidas e inseguranças do jovem vampiro. E que casal, cara – Tilda Swinton e Tom Hiddleston, Adam e Eve, lindos, góticos, apaixonados. Os vampiros de Jarmusch “terceirizaram” a busca constante por sangue, e o que os satisfaz de verdade é arte, ciência, música, as obras sublimes da espécie humana. Não só como admiradores, mas mecenas, influenciadores e guias – como agentes secretos da sombra, auxiliando humanos a atingirem o seu potencial ao mesmo tempo em que os usam como veículos de sua arte.

Adam e Eve vivem afastados – ele em Detroit com suas guitarras clássicas, ela no Tânger colecionando livros originais – e conversam por Skype, já que a modernidade chega para todos. Mas Eve percebe que Adam está chateado e distante, desiludido com o mundo e pensando em seu derradeiro fim, e decide ir visitá-lo em Detroit. O filme parte daí: um reencontro de amantes eternos em uma metrópole abandonada.

“Only lovers left alive” não é um filme de ação eletrizante, não tem uma trama complexa, não tem reviravoltas espetaculares. É um filme sobre seres humanos, sobre o desespero pungente que nos acompanha e do que fazemos para superá-lo, para superar nossos comportamentos mais rasos e tentar alcançar o sublime seja pela arte, pela ciência, pelo amor, pelo que seja.

Mate-me por favor Legs McNeil e Gillian McCain

Eu comprei “Mate-me por favor” antes de entrar na faculdade, em uma das viagens para Rio Preto para prestar vestibular – pelas minhas contas, em 2001, 18 anos atrás.

(Pausa para tossir, estralar os ossos e trocar a fralda geriátrica)

Nessa época eu era um jovenzinho descobrindo o rock, baixando tudo de MP3 no Napster e queimando CDs como se minha vida dependesse disso. A Bizz era a minha bíblia, Allmusic era a minha enciclopédia. Eu gostava do punk, mas o que eu conhecia do punk era bem limitado – Green Day, Offspring, Ramones, Sex Pistols, Clash, e uma fase curta mas muito marcante de SKAPUNK!

(Pausa para o solo de trompete)

Nessa época qualquer material sobre Rock era ouro, e achar um livro sobre o Punk era mágico, uma oportunidade única. Eu viajava para esses bate-volta de vestibular com o dinheiro contadinho, e lembro que fiquei o resto da viagem sem comer direito – mas foda-se, o bendito livro era finalmente meu. “Mate-me Por Favor” é um livro do tipo “história oral” – cada capítulo é composto de citações de artistas variados, na tentativa de reconstruir um período nas palavras de quem realmente estava lá. É bem divertido, mas você fica meio perdido se não tiver uma noção prévia dos fatos narrados, ou pelo menos do contexto. Nessa época eu tinha uma noção beeem vaga…como eu disse, eu adorava o punk mas meu conhecimento era pequenininho. Eu não entendia porque era preciso falar de Velvet Underground antes de falar de punk, nem quem diabos era essa tal de Patti Smith e qual a relação entre punk e poesia. O que eu queria mesmo era saber do que eu já conhecia – de Ramones, Sex Pistols, Clash.

Nesse sentido o livro me decepcionou um pouco na época. Ao mesmo tempo, olhando em retrospecto…foi por causa do livro que mais tarde eu fui dar mais atenção ao Velvet e ao Lou Reed, e foi por causa do livro que eu fui ouvir o Raw Power no talo, como deve ser ouvido. O livro me mostrou um bocado de pessoas estranhas em muquifos estranhos fazendo música estranha – e hoje eu vejo que isso me influenciou de várias maneiras diferentes. Durante todos esses anos eu sempre voltei ao livro – geralmente depois de ouvir algum disco que figurava nele, ou só pra ler algum capítulo solto de causos escabrosos.

Reler esse livro agora é ainda mais divertido – tendo o contexto todo, sabendo quem são os personagens, entendendo porque diabos a gente fala primeiro de Velvet pra depois falar de MC5 e Stooges e só aí falar de punk. É tipo uma aula na Rock’n’Roll High School, onde os Ramones são seus colegas de classe, o Danny Fields é o professor, e o Lou Reed é o diretor que quer cagar na sua boca. Literalmente, cara. Yiiiiikes.

Percebi que nos últimos anos eu circulo por uma espécie de rodízio de jogos que eu repito periodicamente, e que me atraem novamente por um motivo ou outro.

O primeiro deles é They Are Billions (219 horas jogadas), um jogo de estratégia em tempo real (pense Starcraft). Seu objetivo é sobreviver hordas de zumbi durante um período determinado de dias – no final disso, uma MEGAHORDA invade o mapa por todas as direções possíveis e você tem que sobreviver do jeito que der. Eu percebi que amo as primeiras horas de uma partida, que envolvem principalmente limpar o mapa de zumbis para poder expandir sua base – é muito legal, você vai explorando o mapa e decidindo pra que lado irá expandir, o melhor local para fazer muros e choke points, etc. Em compensação, o final do jogo me perde completamente – não tenho saco pra ficar pra ficar construindo uma defesa que aguente a megahorda, e acabo largando a partida e começando de novo.

O segundo é Factorio (131 horas), um jogo de fábrica – anotem aí, 2020 será o grande ano dos jogos de fábrica. O objetivo aqui é…construir fábricas? Olha só, você tem alguns minerais básicos – pedras, ferro, cobre, carvão – e vai usando eles pra construir materiais cada vez mais complexos. A graça do jogo está na automatização da fabricação desses materiais. Você tem fábricas, conveyour belts, braços robóticos, geradores de energia, linhas de transmissão, mineradoras, plantas químicas, unidades de pesquisa…e você é livre pra construir e interligar todas essas coisas do jeito que quiser. Quer uma amostra do que é possível? É só entrar no Youtube e procurar por “Factorio Megabase”. Eu geralmente jogo Factorio em “bursts” de alguns dias, mas depois de um tempo eu paro e penso “Meu Deus, isso é um trabalho! Aaaaaaah!”.

O terceiro é Stardew Valley (191 horas) – um clone mais que perfeito de Harvest Moon, o tradicional jogo de fazendinha do Super NES. Você é um zezinho que herda a fazenda (um sítio, vai) de seu avô, e seu objetivo é se transformar em um fazendeiro. Ao longo do tempo você vai plantar, regar e colher vegetais diversos, cuidar de animais, pescar, minerar, fazer amizade com os habitantes da Vila, namorar e se casar com alguém, expandir sua casa, decorar sua fazenda, ter filhos, ganhar o respeito do fantasma de seu avô, fazer maionese, e muito mais. É um jogo absurdamente relaxante, perfeito pra esquecer da vida por algumas horas e também pra ouvir podcasts. Tem dois artigos muito bons sobre o jogo – um da Alexandra Moraes (O Pintinho) e outro da Ana Guadalupe – e os dois tratam sobre essa atração que esse jogo causa.

O quarto é…ah, depois eu falo do quarto, do quinto, do sexto. Mas pra quem curte spoilers, eles são Rimworld (um simulador de base onde você não controla diretamente os personagens), Dying Light (mundo aberto, cidade gigante, zumbis em todos os lugares) e Minecraft (já é batido, mas ainda é o jogo perfeito pra ouvir podcasts).

Pra não passar em branco, mesmo que ninguém leia.

Me enoja essa tentativa de revisionismo histórico, essa tentativa de meter um verniz lustroso em uma escultura feita de bosta. Foi golpe sim, não foi revolução nem contragolpe. Não havia uma ameaça comunista real, não havia nenhuma chance de João Goulart dar um golpe, não havia nada que justificasse. Quando Jango caiu, ele caiu sozinho – foi embora sem resistir, ninguém resistiu com ele naquele 1º de Abril, os militares entraram e tomaram conta sem que ninguém oferecesse resistência. Que contragolpe foi esse então?

Assumam que foi golpe, e assumam seus cadáveres. Assumam os quase 500 mortos “oficiais”, assumam as milhares de pessoas presas e torturadas, as pessoas que desapareceram sem deixar rastro. Assumam os exilados voluntários e involuntários, assumam as arbitrariedades cometidas em todo o país, assumam as tribos dizimadas durante a expansão para o norte/centro-oeste.

E assumam que, mesmo com carta livre pra fazer qualquer coisa que desejassem, os militares só nos deixaram com uma herança maldita. Dívida externa absurda, desigualdade galopante, uma mega-inflação que a gente só foi conseguir resolver em 95 depois de um desfile de planos econômicos e trocas de moeda. Isso sem falar nos esquemas com as mega-empreiteiras que começam durante a ditadura, toda a corrupção que jamais apareceu nos jornais (censura, lembra?).

Não me admira que esse imbecil que sentou no Planalto deseje comemorar o 31 de março. Não esperava nada mais de alguém tão pequeno, que homenageia torturadores e ditadores, que não faz a menor ideia do que é ser presidente e usa seu cargo pras suas pequenezas: demitir fiscal do Ibama que lhe multou, demitir a funcionária da Embratur que OUSOU contratar o show de alguém que defendeu seu opositor.

Sigamos em frente. É preciso sim lembrar do que aconteceu para que não se repita. É preciso honrar quem perdeu a vida lutando contra esses homens torpes, é preciso celebrar quem resistiu de qualquer forma – com luta, com música, com livro, com piada, com sua própria existência (existir em tempos sombrios já é uma forma de resistência). Afinal, talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado, mas uma certeza eu tenho: que os dinossauros vão desaparecer (gracias, Charly)

Ditadura nunca mais.

  • Ando meio de saco cheio do Twitter. Embora eu não fale com quase ninguém lá, é a rede social em que eu passo o dia todo – lendo as bobagens que o pessoal posta. É divertido, as piadas estão sempre quentinhas e você fica sabendo do que acontece muito rápido. Mas é um vício: eu simplesmente não percebo o quanto tempo eu perco por lá. Fico sem fazer nada por alguns segundos na frente do PC e entro lá, deito na cama pra relaxar com o celular na mão e abro o Twitter automaticamente. Quantas horas eu fico lá? Eu poderia até colocar um daqueles medidores de screen time, mas o saco cheio veio antes. É tipo comer cheetos o dia todo, né? Você engorda e não se alimenta, você perde tempo e não vê nada realmente interessante – é só um monte de gente brigando pelo assunto da vez. E nos últimos dias o assunto da vez tem sido…o Zé de Abreu? Chega, né? Andei bloqueando o twitter em períodos curtos na última semana, hoje eu tranquei o site e escondi o botãozinho de desbloquear…vamos ver no que dá.
  • Devem ter lugares melhores pra se frequentar na internet. Reabri meu “The Old Reader” pra ver se alguém ainda usa RSS nessa internet de meu deus. Dei sorte de encontrar o Warren Ellis com um blog novo, com a proposta de justamente estabelecer uma nova “presença online” – e aí eu li sobre hipersigilos e outras maluquices, já valeu o dia. Ainda não tenho quase nada pra ler, mas talvez o segredo seja esse – menos é mais, já dizia o sr. Bauhaus.
  • Alguns (vários?) anos atrás eu parei de usar bookmarks no Chrome. Não lembro o motivo exato, mas eu fiquei alguns anos sem salvar nada na barrinha de favoritos – talvez eu estivesse de luto pela morte do delicious? Ou tentei usar outro aplicativo? Enfim, depois de algum tempo eu percebi isso e retifiquei meu erro. Voltei a barrinha de favoritos em seu devido lugar, e recriei o hábito de jogar TUDO nela. Hoje eu estava reparando nela: é um festival de pastas, pastas dentro de pastas, links soltos, coisas contextualizadas e coisas randômicas, um pouco de organização e um muito de “anything goes”. Deu mó orgulhinho, tem um montão de links para serem redescobertos eventualmente.
  • Eu gosto de coletar coisas, juntar tudo em um lugar e depois de algum tempo lembrar que aquele amontoado existe e ir lá brincar de arqueólogo da minha própria bagunça. Faço isso com armários de tranqueiras, faço isso com pastas no computador. É legal, pra quem gosta dessas coisas 🙂

Changing Genres Dean Young

I was satisfied with haiku until I met you,
jar of octopus, cuckoo’s cry, 5-7-5,

but now I want a Russian novel,
a 50-page description of you sleeping,
another 75 of what you think staring out
a window. I don’t care about the plot
although I suppose there will have to be one,
the usual separation of the lovers, turbulent
seas, danger of decommission in spite
of constant war, time in gulps and glitches
passing, squibs of threnody, a fallen nest,
speckled eggs somehow uncrushed, the sled
outracing the wolves on the steppes, the huge
glittering ball where all that matters
is a kiss at the end of a dark hall.
At dawn the officers ride back to the garrison,
one without a glove, the entire last chapter
about a necklace that couldn’t be worn
inherited by a great-niece
along with the love letters bound in silk.

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