タヌキの祝福 T-120

I imagine the gods saying, We will
make it up to you. We will give you
three wishes, they say. Let me see
the squirrels again, I tell them.
Let me eat some of the great hog
stuffed and roasted on its giant spit
and put out, steaming, into the winter
of my neighborhood when I was usually
too broke to afford even the hundred grams
I ate so happily walking up the cobbles,
past the Street of the Moon
and the Street of the Birdcage-Makers,
the Street of Silence and the Street
of the Little Pissing. We can give you
wisdom, they say in their rich voices.Let me go at last to Hugette, I say,
the Algerian student with her huge eyes
who timidly invited me to her room
when I was too young and bewildered
that first year in Paris.
Let me at least fail at my life.
Think, they say patiently, we could
make you famous again. Let me fall
in love one last time, I beg them.
Teach me mortality, frighten me
into the present. Help me to find
the heft of these days. That the nights
will be full enough and my heart feral.

– Jack Gilbert

The Phantom Tollbooth Norton Juster

“Have you ever heard the wonderful silence just before the dawn? Or the quiet and calm just as a storm ends? Or perhaps you know the silence when you haven’t the answer to a question you’ve been asked, or the hush of a country road at night, or the expectant pause of a room full of people when someone is just about to speak, or, most beautiful of all, the moment after the door closes and you’re alone in the whole house? Each one is different, you know, and all very beautiful if you listen carefully.”

Aliens: Dead Orbit James Stokoe

Essa mini-série é fantástica. O desenho do James Stokoe é uma mistura de mangá velha-guarda com quadrinhos europeus, com um puta olho pra detalhes. Dá pra perder horas só olhando pras naves, trajes espaciais e – claro – pros xenomorfos. É uma história curta, no estilo “só restará um”, e que funciona muito bem. Sem grandes revelações existenciais, só uma equipe despreparada, uma nave fodida e um par de xenomorfos prontinhos para causar muita confusão (e alguma carnificina).

Também assisti “The Umbrella Academy” e foi legal, daquele jeito sem grandes obrigações e sem grandes expectativas que acaba surpreendendo. É um bom seriado de super-heróis fodidos e desajustados, com um quê de Academia Xavier revisitado para o ambiente millenial (seja lá o que isso quer dizer, me pareceu uma boa ideia escrever isso na hora). Depois de ver a série eu reli parte do primeiro volume do quadrinho e…ó, a série consegue ser mais legal? Eu gosto do quadrinho, mas ele não é nada profundo – é um amontoado de ideias malucas, situações legais e personagens que poderiam ser bacanas se melhor desenvolvidos. O que o seriado faz é justamente desenvolver melhor os personagens e pegar só algumas das ideias malucas, e isso acaba funcionando surpreendentemente bem.

(Uma coisa que eu não gostei na série: o personagem da Ellen Page é muito chato. Desperdiçaram uma puta atriz em uma personagem que poderia ter sido escrita de outro jeito, talvez menos passivo e mais “screw you guys, i’m going home”, dona de si. Ellen Page merecia um personagem melhor, e o seriado merecia uma vilã de verdade).

Russian Doll é “Groundhog Day” com menos Bill Murray e mais Nova York, e trocando a Cher pelo Harry Nilsson. Toda sua atmosfera é fantástica: os personagens estranhos do jeito certo, os diálogos cheios de frases notáveis e anotáveis, a trilha sonora perfeita. É uma daquelas obras capaz de causar um grau de identificação com o espectador, da pessoa pensar “Ei, eu me vejo aqui” ou “Ei, eu quero me ver aqui”, e esse tipo de obra é sempre legal – mesmo que você não seja exatamente a pessoa que se identifica. Ei, eu não tenho nada a ver com Nadia e com a Nova York dela, mas consigo entender o apelo – é legal, é cosmopolita, é massa.

Não vou ficar aqui explicando a história porque 1) esse é um bom seriado de assistir no esquema “não sei de nada, me surpreenda” e 2) já dei a deixa ali em cima, “Groundhog Day” mas diferente. Mas enfim, assistam, vale muito a pena, seja pelo charme Rê Bordosa da Nadia, seja pela trama insólita, seja pela atmosfera absolutamente cool.

Vamos pular a piadinha obrigatória envolvendo leituras de vestibular, ok?

Gostei bastante de “Memórias Póstumas”. A estratégia de botar um defunto pra escrever é ótima, os capítulos são curtos e ágeis, e a narrativa de Cubas é divertida – saltando entre divagações e memórias soltas enquanto conta sua história, ele vai revisando o livro enquanto o escreve. “Tal capítulo é inútil”, “Encaixem este capítulo entre a primeira e a segunda frase do capítulo anterior”, como se quem o escrevesse não se importasse muito com a formalidade do livro escrito (talvez porque já estivesse morto). A vida de Brás Cubas é…uma pasmaceira? Tentaram casá-lo e não deu certo, passou anos só se preocupando com sua amante (a noiva que não deu certo), tentaram casá-lo novamente e não deu certo (novamente), tentou ser deputado e não deu certo, tentou inventar um emplastro anti-hipocondria e…morreu. Que merda, Brás Cubas.

Ra Sam Hughes

“Ra” começa com uma premissa simples: e se a magia fosse uma disciplina mais parecida com engenharia ou programação? Nesse universo a magia é regida por leis e constantes, e foi descoberta há 30 anos atrás. É um campo em constante evolução, cujas teorias ainda estão sendo pesquisadas, escritas e testadas, mas cujo uso prático começa a demonstrar seu potencial. Nesse contexto nós acompanhamos Laura Fern, estudante de magia. Sua mãe morreu tentando usar a magia para conseguir atingir o espaço sideral, e Laura quer seguir seus passos, obter sucesso onde ela falhou…

Esse poderia ser o resumo do livro, e é. Mas aí em certo ponto o livro muda – como se alguém desse uma viradinha na realidade. E aí depois de outro certo ponto, alguém dá um petelecão na realidade. E a partir daí eu não consegui mais parar de ler.

  • Já tentei gostar do som do Criolo por conta do nome do álbum “Convoque seu Buda”, mas não rolou. Continuo achando o título o máximo: convoque seu Buda, keep your cool, sossega, etc.
  • Em termos de rap paulistano eu simpatizo um monte com o Emicida mas gosto de umas três músicas, e gosto mesmo é do Rincon, tanto pela batida das músicas quanto pelas letras e pelo jeito como ele canta.
  • Volta e meia eu sempre tento gostar de rap americano, mas nunca vou longe. Na última tentativa o saldo pelo menos foi positivo: eu descobri que o primeiro álbum do De La Soul é fantástico demais da conta, sô!
  • Domingos continuam sendo a grande hora de chá da alma, e domingos véspera de retorno ao trabalho se qualificam duplamente. Passei o dia com eu, eu mesmo e minha ansiedade.
  • No mais, tô gostando bastante dessa experiência de ter um blog de novo e conseguir postar nele. A ideia dele ser um lugar onde eu vou tacando as coisas que eu gosto, que me interessam e que de alguma maneira eu quero salvar de certa forma tiram aquela obrigação de “eu preciso escrever um textaralho falando da situação atual do país”.
  • Por agora é isso. Sejam excelentes uns com os outros, e lembrem-se de rebobinar a fita antes de devolvê-la.

Sabe aquela banda que todo mundo fala super bem, é totalmente super influente, você sabe que deveria gostar mas…não rola? Uma dessas bandas pra mim é o Smiths. Em tese eu deveria amar Smiths: eu fui um adolescente criado a base de Legião Urbana e desilusões amorosas, é natural que eu procurasse a fonte deles. Mas alguma coisa nunca clicou e eu acabei ficando com o produto brasileiro, apesar de adorar certas músicas – eu poderia ouvir “Ask” por dias a fio, com aquele gancho maravilhoso e aquela hora do “se não for o amor que vai nos juntar, então será a bomba atômica”.

Essa versão de “There Is A Light That Never Goes Out” é maravilhosa – a voz rouca da moça, a instrumentação mais esparsa, o tecladinho fantasmagórico, até o estilo do vídeo com um ar de televisão nos anos 80.

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