- Eu não lembro dos chuveiros das primeiras casas em que morei. O primeiro que eu lembro é o do Prédio.
- O Prédio é o prédio onde eu morei até os 15 anos, no centro da minha cidade. Desde pequeno eu sou um desses filhos da puta que gosta de banho quente mesmo no interior do alto faroeste paulista (39ºC fervendo na alma). Quando mudamos para o Prédio eu já conhecia aquele macete de só abrir o mínimo possível do chuveiro pra maximizar a água quente, e ficava um tempão até conseguir esse equilíbrio. Mas tinha um perigo: quanto mais quente a água, maior a corrente e quanto maior a corrente, maior a chance de desarmar o circuito elétrico do apartamento. Em uma casa moderna é só ir lá e rearmar o disjuntor, mas o Prédio não era moderno e os circuitos eram protejidos por fusível – você precisava ter um fusível reserva em casa, e alguém precisava descer lá no térreo e fazer a troca. Enfim, imaginem a alegria da minha mãe cada vez que eu dava uma dessas.
- Os chuveiros lá de Casa, da casa onde meus pais moram até hoje, também não são dignos de nota.
- Ah, e tem o chuveiro lá da república em Ilha Solteira, que era quente pacas e dava uns choques maneiros. Imagina uma república de três estudantes de engenharia elétrica, onde a nossa solução para um chuveiro que dava choque foi passar fita isolante no registro – não é de se admirar que nenhum dos três trabalha com engenharia hoje em dia.
- O chuveiro lá de Salvador era maneiro – jatão de água bem quente, box confortável que parecia de hotel chique. Tudo bem que banho quente lá em Salvador nem era artigo de primeira necessidade, mas ajudava bastante na hora de acordar cedo.
- O chuveiro daqui de São Paulo foi o melhor presente que o ex-morador desse apartamento poderia me dar. Quase 10 aqui e eu nunca precisei trocar nem sua resistência nem o chuveiro todo. O modo “Quente” dele é uma delícia, o modo “Super Quente” é especialmente incrível nesses dias de inverno.