Saiu um artigo na BBC falando sobre o iFood, mostrando como eles estão levando restaurantes pequenos à falência ao mesmo tempo em que financiam restaurantes sem marca, apelidados de “dark kitchens” em áreas estratégicas (usando todos os dados que eles coletam com o app).
Enfim, hora de parar de usar o iFood? Eu sou um baita de um heavy user deles: teve uma época em que eu chegava a pedir entre quatro a cinco vezes por semana, hoje em dia está entre uma ou duas vezes. Ver essa transformação deles dá um certo desgosto, principalmente por ser uma batalha que eles vão ganhar. Ou morrer e levar todo um mercado junto.
O mundinho das start-ups atualmente segue esses passos:
A reportagem também toca em outro ponto que eu presenciei ao vivo: o iFood isola cliente, entregador e restaurante. Me surpreendi ao saber que os restaurantes não sabem quem são seus clientes – mas claro, faz todo o sentido. Ano passado eu fiz um pedido que não chegou, pois o site deles (do iFood) estava cagado e não enviava o número de meu apartamento. Vi isso no momento que fiz o pedido, dei meus pulos e consegui o número do restaurantes – eles receberam o pedido, mas não podiam me ajudar pois não tinham contato com o entregador. Tentei o contato com o entregador, o que também não foi possível – a única solução era entrar no chat do iFood e esperar a boa vontade de um bot. O entregador chegou lá embaixo, não sabia qual apartamento apertar, tentou me ligar e também não conseguiu, e deve ter feito o que qualquer trabalhador precarizado faria: jogou meu pedido fora e partiu para a próxima entrega. No final o iFood me devolveu o dinheiro, mas o problema não era esse. O problema é essa “blindagem” artifical que só beneficia o aplicativo e dificulta a vida de todos os envolvidos.
Enfim, foda-se iFood, aqui vamos nós ligar nas pizzarias para fazer nossos pedidos – como se fosse 2010? Ou usar os aplicativos próprios, no caso de restaurantes um pouco maiores. É triste isso, temos a tecnologia para facilitar nossas vidas com potencial de trazer benefícios para todos os envolvidos – mas não vamos fazer isso, porque nosso interesse real é trazer lucro para os investidores da forma mais rápida e grotesca possível, e não importa se vamos destruir o mercado todo no processo.