Pra mim “The Last Jedi” é o filme que importa da trilogia nova de Star Wars, e o que fizeram no filme seguinte me fez perder o interesse em tudo que veio depois – não vi nenhum dos seriados, comecei o jogo “Fallen Order” só agora, etc. “Last Jedi” colocava a série em uma direção que me interessava – escapando da hegemonia Skywalker, dando importância para personagens menores, mostrando mais do que navinhas e sabres de luz. Mas aí…nhé.
E aí aparece Andor, e Andor é uma OVERDOSE dessas coisas todas. Andor mostra como é a vida das pessoas comuns de uma cidade na periferia do espaço sideral; mostra a burocracia e os joguinhos de poder entre funcionários do baixo escalão do Império; mostra como um movimento revolucionário vai tomando forma aos trancos e barrancos; mostra a relação entre o complexo militar-industrial e sua absoluta necessidade por mão-de-obra à custo zero.
Mais do que isso, é um PUTA seriado MASSA, com arcos de três episódios redondinhos, roteiros bem acabados, personagens bem trabalhados, muitas cenas memoráveis, uns dois ou três discursos pra entrar pra história do Star Wars, e o Andy Serkis mostrando que não precisa de merda nenhuma de roupa mo-cap pra botar pra quebrar.
É muito massa quando nossos heróis se encontram e se reverenciam! O discurso emocionado do Elvis, o Fito Paez dominando a música, os Imposters…cara, nunca imaginei que isso fosse acontecer!
(Uns anos atrás o Eddie Vedder chamou o Bill Janovitz no palco e eles tocaram “Taillights Fade” juntos – adoro quando meus artistas e bandas favoritos colidem)
Pô, que filme massa! Prey é o exemplo raro de prequel/continuação que dá certo e consegue não dever nada pro original. Aliás, funciona muito bem até pra quem não viu ou não lembra do Predador original – a história de Naru tentando se provar como guerreira da tribo e seu embate com o caçador intergaláctico não precisa do original pra ser entendida e apreciada, ao mesmo tempo que tudo o que vimos nos filmes anteriores está lá. As “regras” do Predador, todas aquelas armas malditas, tá tudo ali. É um filme que vai direto ao ponto, 1h40 de filme de ação sem filler, sem momentos desnecessários, sem cenas pós-créditos. Tá ótimo, meu Deus, um filme de ação realmente BOM e que não envolva super-heróis em 2022. Enfim, assistam.
Caralho, que filme é esse. Peter Sellers é um absurdo. Essa cena final é do caralho – o mundo acabou, só tem o cabal do presidente americano e o Dr. Strangelove discutindo a possibilidade deles se abrigarem em uma mina profunda e começarem a repovoar o planeta. A mão dele, cara, o sorrisinho no rosto enquanto fala essas coisas…é tudo genial para mais de um caralho.
E nem vou entrar na onda de discutir o que é assistir esse filme em pleno Brasil Bozonarista, em plena segunda season da CPI da pandemia.
Descobri o Jack Antonoff meio que por acaso – vendo o documentário sobre o Sparks, ele aparece dizendo que toda música pop atual é só Sparks e Vince Clarke rearranjado. A legenda embaixo do nome dele diz que ele é produtor da Taylor Swift, da Lorde, da Ariana Grande, da Lana del Rey, do St. Vincent – só isso.
Fui conferir a banda dele, o Bleachers – e rapaz, é bem bom. Pop de primeira, refrões do tamanho do mundo falando dos problemas do tamanho da gente (“and say goodbye like you mean it”). Esse clipe é troncinho mas divertido, hahahaha.
Eu absolutamente deixei essa música passar em 2010 e descobri agora, por causa do último número de Phonogram – Singles Club (recomendadíssimo se você gosta de música de algum jeito). Caralho, que música é essa, que performance é essa. Desde já declaro que essa é a melhor música sobre lobisomens no cio já composta na história da humanidade.
Alguns meses atrás eu “descobri” o Arctic Monkeys com alguns anos de atraso – e volto a repetir, esses meninos vão longe, tem futuro! E aí hoje especificamente foi o dia em que eu “descobri” St. Vincent – ótima banda, essa menina Annie Clark vai longe, tem futuro!
(Talvez eu tenha desenvolvido um leeeeeeve crush na Annie Clark, de látex verde, ripando na guitarra, hold me like a weapon – oh well, I can’t turn off what turns me on.)
Eu fiquei tentado a dizer que “Only lovers left alive” (de Jim Jarmusch) é um filme de vampiro pra quem não gosta de vampiro, mas pensando bem não é nada verdade. Na superfície não tem nada muito diferente: os vampiros aqui são vampiros clássicos, seres condenados a viver eternamente, cuja fome de sangue precisa ser saciada constantemente. A diferença é que aqui não temos vampiros adolescentes, aprendendo a viver com seus poderes e suas maldições, gozando e sofrendo na mesma medida, enfim, aquele vampiro trágico já meio batido da Anne Rice e de Vampiro: A Máscara.
Aqui em “Only lovers left alive” nós vemos o lado da velhice entre os vampiros – o casal aqui tem muitos séculos de vida em morte, e já abandonaram todas aquelas dúvidas e inseguranças do jovem vampiro. E que casal, cara – Tilda Swinton e Tom Hiddleston, Adam e Eve, lindos, góticos, apaixonados. Os vampiros de Jarmusch “terceirizaram” a busca constante por sangue, e o que os satisfaz de verdade é arte, ciência, música, as obras sublimes da espécie humana. Não só como admiradores, mas mecenas, influenciadores e guias – como agentes secretos da sombra, auxiliando humanos a atingirem o seu potencial ao mesmo tempo em que os usam como veículos de sua arte.
Adam e Eve vivem afastados – ele em Detroit com suas guitarras clássicas, ela no Tânger colecionando livros originais – e conversam por Skype, já que a modernidade chega para todos. Mas Eve percebe que Adam está chateado e distante, desiludido com o mundo e pensando em seu derradeiro fim, e decide ir visitá-lo em Detroit. O filme parte daí: um reencontro de amantes eternos em uma metrópole abandonada.
“Only lovers left alive” não é um filme de ação eletrizante, não tem uma trama complexa, não tem reviravoltas espetaculares. É um filme sobre seres humanos, sobre o desespero pungente que nos acompanha e do que fazemos para superá-lo, para superar nossos comportamentos mais rasos e tentar alcançar o sublime seja pela arte, pela ciência, pelo amor, pelo que seja.
Também assisti “The Umbrella Academy” e foi legal, daquele jeito sem grandes obrigações e sem grandes expectativas que acaba surpreendendo. É um bom seriado de super-heróis fodidos e desajustados, com um quê de Academia Xavier revisitado para o ambiente millenial (seja lá o que isso quer dizer, me pareceu uma boa ideia escrever isso na hora). Depois de ver a série eu reli parte do primeiro volume do quadrinho e…ó, a série consegue ser mais legal? Eu gosto do quadrinho, mas ele não é nada profundo – é um amontoado de ideias malucas, situações legais e personagens que poderiam ser bacanas se melhor desenvolvidos. O que o seriado faz é justamente desenvolver melhor os personagens e pegar só algumas das ideias malucas, e isso acaba funcionando surpreendentemente bem.
(Uma coisa que eu não gostei na série: o personagem da Ellen Page é muito chato. Desperdiçaram uma puta atriz em uma personagem que poderia ter sido escrita de outro jeito, talvez menos passivo e mais “screw you guys, i’m going home”, dona de si. Ellen Page merecia um personagem melhor, e o seriado merecia uma vilã de verdade).
Russian Doll é “Groundhog Day” com menos Bill Murray e mais Nova York, e trocando a Cher pelo Harry Nilsson. Toda sua atmosfera é fantástica: os personagens estranhos do jeito certo, os diálogos cheios de frases notáveis e anotáveis, a trilha sonora perfeita. É uma daquelas obras capaz de causar um grau de identificação com o espectador, da pessoa pensar “Ei, eu me vejo aqui” ou “Ei, eu quero me ver aqui”, e esse tipo de obra é sempre legal – mesmo que você não seja exatamente a pessoa que se identifica. Ei, eu não tenho nada a ver com Nadia e com a Nova York dela, mas consigo entender o apelo – é legal, é cosmopolita, é massa.
Não vou ficar aqui explicando a história porque 1) esse é um bom seriado de assistir no esquema “não sei de nada, me surpreenda” e 2) já dei a deixa ali em cima, “Groundhog Day” mas diferente. Mas enfim, assistam, vale muito a pena, seja pelo charme Rê Bordosa da Nadia, seja pela trama insólita, seja pela atmosfera absolutamente cool.
Saiu disco novo da Sharon Van Etten, e é uma coisa sombria e nostálgica, com um quê de sonoridade dos anos 80 que me é confortável por motivos que não sei bem explicar. Enfim, é maravilhoso.
Sabe aquela banda que todo mundo fala super bem, é totalmente super influente, você sabe que deveria gostar mas…não rola? Uma dessas bandas pra mim é o Smiths. Em tese eu deveria amar Smiths: eu fui um adolescente criado a base de Legião Urbana e desilusões amorosas, é natural que eu procurasse a fonte deles. Mas alguma coisa nunca clicou e eu acabei ficando com o produto brasileiro, apesar de adorar certas músicas – eu poderia ouvir “Ask” por dias a fio, com aquele gancho maravilhoso e aquela hora do “se não for o amor que vai nos juntar, então será a bomba atômica”.
Essa versão de “There Is A Light That Never Goes Out” é maravilhosa – a voz rouca da moça, a instrumentação mais esparsa, o tecladinho fantasmagórico, até o estilo do vídeo com um ar de televisão nos anos 80.
Segundo o Last.FM, essa foi a música que eu mais ouvi em 2018. Acho que eu li um tweet falando muito bem dessa banda, joguei no Youtube e – bah, que clipe, que música, que letra. Os caras são muito bons.
I wanna be king until I am A man is just a man, I understand Has everything gone to plan? Don’t say it out loud – just let me dance
Esse canal é bem interessante! Sobre a vida no Japão do ponto de vista de um canadense (?) que mora lá com a esposa e seus dois filhos. Cada vídeo é sobre um aspecto diferente: como é morar lá, como é trabalhar, como é se deslocar por lá, como é comer por lá, como são os banheiros…
Os episódios são bem produzidos, com imagens bem bacanas e explicações interessantes, além do narrador e de sua família serem bem simpáticos.