Não é que a gente torça contra. É que a gente bateu o olho na partida e já viu que vai dar merda, não adianta você tentar se enganar e se cobrir de positividade e otimismo. Vai dar merda, vista sua hazmat suit à prova de cocô radioativo e se prepare.
É esse festival de pessoas com a absoluta certeza que estão certas, essa troca da ciência pelo senso comum ou pior, por teorias da conspiração. Sempre falo isso, que me assusta como as pessoas aceitam perder suas liberdades rapidinho em nome de um senso de segurança que é só isso, um senso, uma impressão, uma sensação de que vai ficar tudo bem se todos formos bonzinhos e ninguém sair da linha. Os bons cristãos, o cidadão de bem, o homem-de-família, essa coisa hipócrita que a gente sabe que não existe na prática mas serve pra que eles estufem o peito – eu sou o que há de bom nesta terra, ouça minha voz. Essa idealização de um passado que não existiu, essa demonização das pessoas que pensam diferente, essa cristalização do “o nosso jeito é o único jeito certo”.
Um medo: o que eles vão fazer quando suas escolhas não vingarem, não trouxerem os resultados esperados? Toda essa revolta acumulada vai ser direcionada para onde?
Um consolo: somos o país da esculhambação, do deboche. Em plena ditadura repressora e assassina foi quando nosso humor mais brilhou: Febeapá, Pasquim, Henfil, Laerte, Angeli. Eu não acho que vamos passar por aquilo de novo, mas a galera que está lá tem toda uma empáfia que merece ser esmerdalhada com mucho gusto, quanto mais absurda e ridícula a situação se tornar.
(Pô, já tem, essa tirinha do Ricardo Coimbra acerta bem na canela: “Mistura de Black Mirror com Turma do Didi” resume bem essa turma)
Enfim.
Vamos que vamos.